Entre 2008 e
2013 só em quatro dos principais grupos de comunicação social portugueses
(Media Capital, Impresa, Cofina e RTP) registou-se uma diminuição de mais de
mil trabalhadores. Esta foi uma das formas de poupança que as respectivas
administrações encontraram para fazer face aos cerca de 200 milhões de euros
que perderam ao longo desse período, fruto da quebra de publicidade.
No final de
2007, havia um total de 6.070 trabalhadores nestes grupos, enquanto que a
fechar 2013 apenas se contabilizavam 5.038, o que significa que se perderam 1.032
postos de trabalho.
O grupo RTP,
que era o que tinha - e tem – mais gente na sua folha de salários, foi quem
mais dispensou (541). Este foi um processo que teve forte incremento a partir
de 2011, pois até aí o número mantinha-se relativamente estável, entre os 2.300
e os 2.400. No final de 2013, o grupo público já só contava com 1.818 pessoas no
seu quadro de pessoal e a ordem é para cortar ainda mais.
A Impresa, de
Pinto Balsemão, despediu menos, em termos absolutos, mas percentualmente a
diminuição do número de trabalhadores anda perto da verificada na RTP (uma
quebra superior a 20 por cento).
A Media
Capital dispensou 125 trabalhadores e a Cofina, apesar de ter lançado, em Março
de 2013, o canal televisivo CMTV, também reduziu o número de trabalhadores
(neste caso, em 52). O grupo recorre aos jornalistas que escrevem para os seus
jornais e revistas, nas delegações que tem espalhadas pelo país, para também
fazerem peças para a televisão.
No total,
perderam-se 17% dos postos de trabalho que existiam naqueles grupos antes da
crise de 2008 estalar.
NÚMERO DE
TRABALHADORES
|
||||
2007
|
2013
|
Saldo
|
%
|
|
IMPRESA
|
1.448
|
1.134
|
-314
|
-21.7
|
MEDIA CAPITAL
|
1.328
|
1.203
|
-125
|
-9.4
|
RTP
|
2.359
|
1.818
|
-541
|
-22.9
|
COFINA
|
935
|
883
|
-52
|
-5.6
|
6,070
|
5,038
|
-1,032
|
-17.0
|
Poupança
de 46 milhões de euros
O objectivo do
corte do número de trabalhadores foi, naturalmente, a poupança de dinheiro.
Muito dinheiro. No total, no final do período analisado, estes quatro grupos
gastavam menos 46 milhões de euros anuais com o seu pessoal. Tendo em conta que
a quebra de publicidade, entre o final de 2007 e de 2013 foi de 200 milhões,
isso significa que, na prática, os trabalhadores pagaram cerca de 23 por cento
da factura.
Mais
140 para o desemprego
Tal como
referi no primeiro artigo sobre a evolução do sector entre 2008 e 2013, os
dados são obtidos através da análise dos relatórios e contas de quatro
empresas: Cofina, Media Capital, RTP e Impresa. Isso significa que não
reflectem toda a realidade vivida na área da comunicação social.
Mas, tendo em
conta que o panorama recessivo foi geral e que a tendência genética dos
gestores e administradores é cortar no pessoal quando o dinheiro começa a
escassear, o número de trabalhadores do sector dispensados ou despedidos terá
sido bem superior ao que aqui refiro.
Ao longo
deste período foram surgindo notícias relativas a outros grupos e órgãos de
comunicação social, nomeadamente, a Controlinvest, o Público e a Impala.
Consultando os comunicados que, sobre o assunto, o Sindicato dos Jornalistas
foi fazendo, contabilizámos referências a mais cerca de quatro centenas de
despedimentos. E isto apenas nos grupos nacionais, não sendo possível apurar os
dados relativos à imprensa e rádios locais e regionais.
Já este ano,
o número de pessoas sem emprego aumentou em, pelo menos, 140, devido a um
despedimento colectivo na Controlinvest, uma das primeiras medidas tomadas pela
nova administração.
(Jorge Eusébio)
Leia também neste blog:
Crise económica roubou
mais de 200 milhões de euros às empresas
de comunicação social portuguesas.
(Jorge Eusébio)
Leia também neste blog:
Crise económica roubou
mais de 200 milhões de euros às empresas
de comunicação social portuguesas.
Sem comentários:
Enviar um comentário